Vocabulário de Opressão, Repressão e Supressão

Oprimir significa injustamente subjugar ou submeter alguém, sobrecarregando com imposições ou restrições cruéis, através de força, autoridade ou poder. Já reprimir significa reter, coibir ou controlar (desejos, sentimentos, ações, movimentos, etc.) pela força. Por outro lado, suprimir, que é mais amplo e mais comum, significa usar a força ou autoridade para pôr termo às atividades de uma pessoa ou grupo; também para abolir, inibir, extinguir práticas ou costumes, ou ainda, para reter a divulgação ou da publicação de informação.

Não há dúvida que há algumas sobreposições entre estes verbos, mas a opressão geralmente aplica-se ao maltrato de uma pessoa ou grupo por outro mais poderoso, enquanto que repressão geralmente aplica-se a impulsos violentos para esmagar movimentos políticos, e já a supressão aplica-se à informação.

A

Aliado é alguém que apoia um grupo diferente do seu, considerando várias identidades como raça, género, idade, etnia, orientação sexual, religião, etc. Um aliado reconhece a opressão as injustiças sociais e se compromete em reduzir a sua cumplicidade. Esforça-se para ajudar a reduzir as injustiças, aprendendo mais sobre elas e agindo de forma a mudar as coisas.

Apropriação Cultura é a adoção de símbolos, costumes, padrões estéticos e/ou comportamentos de uma cultura ou subcultura por outra - geralmente de uma cultura minoritária ou subordinada em status social, político, económico ou militar. A apropriação acontece com frequência sem qualquer compreensão real do que foi apropriado nem dos seus significados. Muitas vezes os artefactos, práticas ou crenças culturalmente significativas são comodificados e comercializados completamente desprovidos do seu sentido ou dando-lhes um significado completamente diferente do original.

Assédio é o uso de comentários ou ações que podem ser percebidos como ofensivos, constrangedores, humilhantes, degradantes e indesejáveis.

B

C

Capacitismo é uma forma de opressão, que produz barreiras sociais e físicas, baseada nas habilidades (mentais, intelectuais, emocionais e/ou físicas) de uma pessoa. Assim, descreve a discriminação de pessoas com deficiências devido à noção de que estas pessoas são inferiores. Estas pessoas são sujeitas a estigma social, a isolamento, a barreiras sistêmicas a recursos, e são ainda alvo de violência, opressão ativa (insultos, considerações negativas, arquitetura inacessível) e opressão passiva (tratamento de pena, de inferioridade ou subalternidade).

Cegueira para cor é a crença de que todos devem ser tratados "igualmente" sem considerar diferenças sociais, económicas, históricas, raciais ou outras. Nenhuma diferença é vista ou reconhecida; todos são iguais.

Cisgénero é um termo para pessoas cuja identidade de género, expressão ou comportamento está alinhada com aqueles geralmente associados ao sexo atribuído no nascimento.

Classismo, ou discriminação baseada na classe social, acontece quando alguém é tratado de forma diferente – tanto melhor quanto pior - por causa de sua classe social (ou da classe que a pessoa aparenta). O classismo aparece individualmente (através de atitudes e comportamentos), institucionalmente (através de políticas e práticas), e culturalmente (através de normas e valores). Como outras formas de opressão e preconceito, é a tendência para fazer generalizações ou criar estereótipos sobre os membros de outra classe.

Colorismo é um termo que foi primeiro usado pela escritora norte-americana Alice Walker em 1982, e não é sinónimo de racismo. Refere-se a  uma forma de preconceito ou discriminação que os indivíduos sofrem de acordo com o tom da cor ou da pigmentação da sua pele, e em que a preferência pela pele mais clara é a prática comum. Enquanto que o racismo procura identificar uma raça para discriminar o grupo, o colorismo é vivido de forma individual e o tratamento preconceituoso ou preferencial pode vir de pessoas da mesma raça baseado unicamente na cor mais clara ou mais escura da pele.

Competência multicultural é um processo de abraçar a diversidade e aprender sobre pessoas de outros contextos culturais. O elemento-chave para se tornar mais culturalmente competente é o respeito pelas formas como os outros vivem e organizam o mundo e a abertura e curiosidade para aprender com eles.

D

Descolonizar significa desfazer ou reverter os efeitos do colonialismo. É um processo ativo e intencional de desaprender valores, crenças e concepções que causaram danos físicos, emocionais ou mentais às pessoas através da colonização. Isto envolve reconhecer e desafiar as estruturas de poder e privilégio que foram estabelecidas durante o período colonial e promover uma perspectiva mais justa e igualitária que respeite as culturas e identidades das pessoas colonizadas.

Desigualdade estrutural refere-se às desvantagens sistemáticas de um grupo social em comparação a outros grupos, enraizadas e perpetuadas através de práticas discriminatórias (conscientes ou inconscientes) que são reforçadas por meio de instituições, ideologias, representações, políticas/leis e práticas. Quando este tipo de desigualdade está relacionado à discriminação racial/étnica, é referido como racismo sistémico ou estrutural.

Discriminação é o tratamento desigual de membros de diversos grupos, com base em preconceitos conscientes ou inconscientes, que favorece um grupo em detrimento de outros, com base em diferenças de raça, género, classe económica, orientação sexual, capacidade física, religião, idioma, idade, identidade nacional, religião e outras categorias.

Diversidade (socialmente) refere-se à ampla gama de identidades. Inclui amplamente raça, etnia, género, idade, origem nacional, religião, deficiência, orientação sexual, nível económico, educação, estado civil, idioma, aparência física, etc. Também envolve diferentes ideias, perspectivas e valores.

E

Equidade é o tratamento justo, acesso, oportunidade e avanço para todas as pessoas, ao mesmo tempo em que há um esforço por identificar e eliminar barreiras que impedem a plena participação de alguns grupos. O princípio da equidade reconhece que existem populações historicamente desatendidas e sub-representadas e que a justiça em relação a estas condições é necessária para proporcionar oportunidades iguais a todos os grupos.

Espaço seguro refere-se a um ambiente no qual todos se sentem confortáveis para se expressar e participar plenamente, sem medo de serem atacados, ridicularizados ou verem a negação das suas experiências.

Estereótipo é uma forma de generalização enraizada em crenças e suposições generalizadas. É um produto de processos de categorização que podem resultar atitudes preconceituosas, julgamentos críticos e discriminação intencional ou não intencional. Os estereótipos são tipicamente negativos, baseados em pouca informação e não reconhecem o individualismo e a agência pessoal.

Etnocentrismo é o julgamento de outra cultura (da língua, comportamento, costumes, religião etc.) unicamente pelos valores e padrões da nossa própria cultura. É uma visão em que a nossa comunidade é o centro de tudo, e todas as outras são medidas e classificadas em relação a ela. O etnocentrismo pode ser explícito ou subtil e, apesar de ser considerado uma tendência natural da psicologia humana, tem geralmente uma conotação negativa.

F

G

H

Heterossexualismo é um sistema de opressão que produz barreiras sociais e físicas baseadas na orientação sexual e/ou romântica de indivíduos, em particular dos que questionam a sua sexualidade, lésbicas, bissexuais, queer, pansexuais, transgénero, gays, sem rótulo ou que se identificam de alguma outra forma que não seja heterossexual. Heterosexismo depende do binário de heterossexual/homossexual, tornando invisível o vasto espectro e a fluidez da orientação sexual e romântica. Reforça e é reforçado pelo binário de género.

Homonormatividade é uma visão de que a homossexualidade (e, por extensão, quaisquer sexualidade e/ou géneros alternativos) é preferível à heterossexualidade. É uma visão que encontramos em algumas estruturas capitalistas, coloniais, e imperialistas, onde as elites gays e lésbicas começam a gozar de uma igualdade duramente conquistada (ao nível do casamento gay, adoções, acesso a serviços de saúde, proteção no ambiente de trabalho e outras proteções legais), e onde se cruzam formas de discriminação contra os deficientes, classismo, sexismo, racismo e muitas outras formas de opressão.

I

Idadismo é o tratamento discriminatório baseado na idade de uma pessoa. É muitas vezes chamado de discriminação de idade. Embora o idadismo seja visto frequentemente como um problema do local de trabalho, na realidade, além das perspetivas de emprego, pode ter efeitos ao nível da autoestima, na situação financeira com a negação de crédito, na qualidade dos serviços que recebe e na qualidade de vida. Esta forma de discriminação inclui ainda a forma como os idosos estão representados nos meios de comunicação, e que tem um impacto mais amplo nas atitudes da população em geral.

Identidade de género, que é distinta do termo "orientação sexual", refere-se à percepção interna de uma pessoa sobre ser homem, mulher ou algo diferente. Como a identidade de género é interna, a identidade de género de alguém não é necessariamente visível aos outros.

Inclusão é o ato de criar um ambiente no qual qualquer indivíduo ou grupo é bem-vindo, respeitado, apoiado e valorizado como um membro participante total. Um ambiente inclusivo e acolhedor abraça e respeita as diferenças.

Interseccionalidade é um construto social que reconhece a diversidade fluida de identidades que uma pessoa pode ter, e como elas não podem ser entendidas isoladamente, mas sim em relação umas às outras e às estruturas de poder existentes na sociedade. Isto significa que as experiências individuais são moldadas não apenas por uma única forma de discriminação (como raça, género, classe social, orientação sexual, etc.), mas pela interseção de múltiplas formas de discriminação e privilégio.

J

Justiça social constitui uma forma de ativismo, baseada em princípios de equidade e inclusão que abrange uma visão da sociedade na qual a distribuição de recursos é equitativa e todos os membros estão fisicamente e psicologicamente seguros e protegidos. A justiça social envolve atores sociais que têm um senso da sua própria agência, bem como um sentido de responsabilidade social para e com os outros.

K

L

LGBTQIA+ é um termo inclusivo para aqueles que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, queer, intersexuais, assexuais e mais.

M

Microagressão refere-se às pequenas ofensas, desconsiderações, insultos ou ações verbais, não verbais e ambientais, intencionais ou não intencionais, que comunicam mensagens hostis, depreciativas ou negativas para pessoas alvo com base apenas em sistemas de crenças discriminatórios.

N

Não-conformidade de género refere-se a indivíduos cuja expressão de género é diferente das expectativas sociais relacionadas ao género.

O

Opressão é a natureza sistémica e generalizada da desigualdade social entrelaçada nas instituições sociais e também incorporada na consciência individual. A opressão combina discriminação institucional e sistêmica, preconceito pessoal, intolerância e preconceito social numa teia complexa de relacionamentos e estruturas.

Orientação sexual refere-se à atração física, romântica e/ou emocional duradoura de uma pessoa por outra pessoa. Identidade de género e orientação sexual não são a mesma coisa. As pessoas transgénero podem ser heterossexuais, lésbicas, gays ou bissexuais.

P

Patriarcado refere-se a ações e crenças que priorizam a masculinidade. O patriarcado é praticado sistematicamente nas maneiras e métodos pelos quais o poder é distribuído na sociedade (empregos e posições de poder atribuídos aos homens no governo, política, justiça criminal, etc.) enquanto também influencia como interagimos uns com os outros interpessoalmente (expectativas de género, dinâmicas sexuais, ocupação de espaço, etc.).

Pigmentocracia ver colorismo.

Preconceito é um julgamento ou preferência preconcebida, especialmente um que interfere no julgamento imparcial e pode ser enraizado em estereótipos, que nega o direito dos membros individuais de certos grupos a serem reconhecidos.

Privilégio é o acesso exclusivo ou acesso a recursos materiais e imateriais com base na filiação a um grupo social dominante.

Q

Queer é um termo geral que pode referir-se a qualquer pessoa que transgrida a visão da sociedade sobre género ou sexualidade. A indeterminação em termos de definição da palavra Queer, a sua elasticidade, é uma das suas características: "um espaço de possibilidades".

R

Raça é uma construção social que divide artificialmente as pessoas em grupos distintos com base em características como aparência física (particularmente a cor da pele), herança ancestral, afiliação cultural, história cultural, classificação étnica e as necessidades sociais, económicas e políticas de uma sociedade num determinado período de tempo.

Racismo Institucional refere-se especificamente às formas como políticas e práticas institucionais criam resultados e oportunidades diferentes para diferentes grupos com base em discriminação racial.

S

Sistema de opressão é o assédio, discriminação, exploração, preconceito e outras formas de tratamento desigual, consciente e inconsciente, não aleatório e organizado, que impactam diferentes grupos. Às vezes, é usado para se referir ao racismo sistémico.

Supremacia branca é um sistema de poder estruturado e mantido por pessoas que se classificam como brancas, consciente ou subconscientemente; e que se sentem superiores àqueles de outras identidades raciais/étnicas.

T

U

V

Viés Implícito são associações negativas, expressas automaticamente, que as pessoas têm inconscientemente e que afetam a nossa compreensão, ações e decisões; também conhecido como viés inconsciente ou oculto.

Viés é uma forma de preconceito que resulta da nossa necessidade de classificar rapidamente indivíduos em categorias.

W

X

Y

Z